terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Espera da Morte


A Espera da Morte

Esperando no ponto
Um grupo de gente
Alguns meio sonsos pelo sono
Outros cansados dos trabalhos do dia-a-dia
Queriam estar em casa vendo televisão
De repente um ruído cala os pensamentos
Roubando a atenção do momento
É um disparo
Um tiro nefasto
Uma criança ao chão
Junto com um velho
Escapam da morte
Doce e mórbida sorte
Seu irmãozinho
Não a teve
Morreu na hora
E agora o povo chora
Amostra de uma realidade
Virtuosa vitrine da impunidade
Tão comum nas cidades
Pessoas se amontoam
Gritos da raiva reprimida dos tempos
Dias depois, passeatas e protestos...
Meros atos de pretensos revolucionários de butiques
Pois a verdadeira ação ninguém toma
E ninguém tomará
Afinal nunca é a hora, como dizem
Ou pior, dizem as pessoas:
"Era apenas um pivete
Não era meu filho ou irmão
Tratava se mais de um problema social
E meu, não era não".
Mal sabem que assim dizem:
"Foda-se a nossa situação"
Mas é isso ai
As pessoas querem festa
E pouco vezes uma solução
E mais uma vez um problema
Que é na verdade, uma dura realidade
Vira manchete de jornal
E indignação reprimida pela e para a própria sociedade
Um retrato social comum
E que ocorre todo dia
Com mais freqüência que o passar dos ônibus
E a incerteza das ações ou de um dia melhor
Leva a minha certeza de que vou ver
Mais uma vez ao ligar minha TV
Um retrato social, calado e morto no chão.

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